Sessão de Relato de Caso


Código

RC141

Área Técnica

Retina

Instituição onde foi realizado o trabalho

  • Principal: HCFMUSP

Autores

  • FERNANDO AKIRA GHIDINI SUMITA (Interesse Comercial: NÃO)
  • Maria Teresa B C Bonanomi (Interesse Comercial: NÃO)

Título

ANALISE MULTIMODAL DE PORTADOR DE TRAÇO FALCIFORME APOS HIFEMA TRAUMATICO: UM RELATO DE CASO

Objetivo

Relatar achados retinianos em portador de traço falciforme após hifema traumático hipertensivo

Relato do Caso

Homem de 20 anos com trauma no olho direito (OD) com bola de futebol e baixa visual. Sem antecedentes pessoais ou familiares, acuidade visual (AV) de conta dedos/20/20, apresentava alterações apenas no OD: pressão intraocular (PIO/mmHg) de 16 e hifema, que impossibilitava fundo de olho (FO) (Fig 1.A). Após 2 dias, apresentou PIO de 44 refratária ao tratamento clínico. Eletroforese de hemoglobina com 34% de hemoglobina S. Realizada lavagem de câmara anterior que levou a resolução do hifema, evoluindo com PIO de 12 e AV 20/20. O exame de OD revelou atrofia glaucomatosa e oclusão vascular circunferencial, além de áreas de “dark-without-pressure” (DWP) (Fig 1B). A autofluorescência realça os vasos esclerosados e a angiofluoresceinografia (AFG) mostra áreas de não perfusão (Fig 1C e D). Em comparação a OE, a tomografia de coerência óptica (OCT) de OD demonstra redução de espessura de retina interna de 42,5%; e o OCT-A, redução da densidade vascular central de 57,9% (Fig 2A e B). Após 2 anos, os vasos esclerosados retornaram ao aspecto habitual. A região de DWP é hipoautofluorescente, hiporrefletiva ao infrared e mostra redução da refletividade das camadas da retina externa no OCT (Fig 2C), sem alterações à AFG. A microperimetria demonstra perdas de sensibilidade focais (Fig 2D).

Conclusão

Em paciente com hifema hipertensivo deve-se suspeitar de hemoglobinopatia e proceder à lavagem de câmara anterior, já que as hemácias em forma de foice, rígidas, obstruem o trabeculado. Pequenos períodos de PIO elevada levam à estase na circulação retiniana terminal e consequente oclusão e atrofia tecidual. É o primeiro caso que compara achados de OCT e OCT-A com o olho contralateral sadio, contribuindo para a compreensão fisiopatogênica destas alterações.

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