Título

PAPILEDEMA ASSINTOMATICO EM CRIANÇA POR USO DE CORTICOSTEROIDE TOPICO: UM RELATO DE CASO

Objetivo

Relatar um caso de papiledema em uma criança assintomática com provável causa sendo o uso de corticoide tópico.

Relato do Caso

Criança de 4 anos assintomática encaminhada com papiledema em ambos os olhos (AO). Apresentava acuidade visual sem correção (AVSC) de 20/150 AO e, ao fundo de olho (FO) apresentava edema de papila mais exacerbado em olho esquerdo. Drusas foram afastadas pela realização de tomografia de coerência óptica (OCT) e ecografia. Apesar de ressonância magnética normal no dia anterior à consulta, o exame foi repetido e identificou ectasia da bainha meníngea do nervo óptico esquerdo. Encaminhada ao neurologista, realizou punção liquórica com manometria cujo resultado foi limítrofe, ocasião na qual foi prescrita acetazolamida. Retornou após um mês com AV com correção de 20/60 em AO, e diminuição do papiledema em AO, confirmada pelo OCT. Outras possíveis causas de papiledema foram investigadas exaustivamente, com exames de neuroimagem e laboratoriais. Por fim, relacionou-se o sintoma ao uso de fludroxicortida tópico em grande superfície corporal para tratamento de estrófulos alérgicos em membros inferiores aplicado pelo pai.

Conclusão

O acometimento pediátrico pela síndrome do pseudotumor cerebral, também conhecida como hipertensão intracraniana idiopática, apresenta alta prevalência de assintomáticos, cerca de 30%. Consequentemente, o papiledema é um achado clínico importante para o diagnóstico nesta faixa etária. Entre as possíveis etiologias, encontra-se o uso de corticosteroides. A aplicação tópica destes medicamentos representa uma etiologia desconsiderada na maioria dos casos, com notável relevância na população pediátrica. Como resultado da maior relação entre a superfície corporal e a massa corpórea, estes pacientes apresentam maior absorção de medicamentos tópicos. Este trabalho evidencia a dificuldade clínica em determinar a etiologia na síndrome do pseudotumor cerebral, além de expor os riscos do uso de medicamentos não prescritos, principalmente na população pediátrica.