Título

Um caso raro de iridosquise bilateral

Objetivo

Relatar o caso de uma paciente com diagnóstico raro de iridosquise bilateral

Relato do Caso

Paciente feminino, 76 anos, aposentada, encaminhada ao ambulatório de triagem oftalmológica por diminuição progressiva da acuidade visual com embaçamento visual há 1 ano em ambos os olhos. Referia hipertensão arterial e labirintite. Negava antecedentes oculares. Ao exame oftalmológico, apresentava acuidade visual de 20/40 em ambos os olhos sem correção óptica. Na biomicroscopia pôde-se observar proliferação fibrovascular nasal invadindo córnea em olho esquerdo, iridosquise em setor inferior com fibras irianas móveis flutuando no humor aquoso bilateralmente, além de catarata senil em ambos os olhos. Pressão intra ocular de 10 mmHg em olho direito (OD) e 09 mmHg em olho esquerdo (OE), câmera anterior formada, córnea e demais estruturas sem demais alterações. Gonioscopia ângulo aberto até trabeculado pigmentado, sem demais alterações. Fundoscopia evidenciou escavação vertical de 0,5 em OD e 0,45 em OE, atrofia difusa de epitélio pigmentar da retina e estreitamento arteriolar bilateral. Paquimetria: 545 em OD e 511 em OE. Optado por seguimento anual com equipe de glaucoma e encaminhada ao ambulatório de catarata para avaliação cirúrgica.

Conclusão

Relatamos um caso de iridosquise bilateral, considerada uma condição rara com apenas 150 casos relatados na literatura até o ano de 2020. É caracterizada pela separação do estroma iriano em dois folhetos, anterior e posterior/camadas musculares, sendo mais prevalente no sexo feminino e tipicamente bilateral, como no relato citado. As fibras irianas flutuam no humor aquoso e criam uma aparência de "desfiado" acometendo principalmente o quadrante inferior da íris. O folheto posterior apresenta-se intacto na maioria dos casos. O glaucoma primário de ângulo fechado é encontrado em 2/3 dos pacientes com iridosquise, justificando um seguimento anual.