Código
RC156
Área Técnica
Retina
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Hospital de Olhos do Paraná
Autores
- BERNARDO BOLZANI BACH (Interesse Comercial: NÃO)
- Adriane Faccin (Interesse Comercial: NÃO)
- Rebeca Cabral (Interesse Comercial: NÃO)
Título
COROIDOPATIA PLACOIDE POSTERIOR: DIAGNOSTICO OFTALMOLOGICO E ENTRAVES NO TRATAMENTO
Objetivo
Descrever um caso clinicamente típico de retinite por sífilis com teste rápido negativo para reforçar a importância da clinica oftalmológica no diagnostico de condições sistêmicas.
Relato do Caso
Paciente, feminino, 48 anos. Queixa de baixa acuidade visual súbita em olho direito (OD) associada à perda de sensibilidade e fraqueza em dimidio direito. Ao exame oftalmológico, acuidade visual OD de contar dedos e OE de 20/20p, sem melhora na refração. Biomicroscopia sem alterações em ambos os olhos. Fundoscopia de OD revelou placa sub-retiniana esbranquiçada em polo posterior com sinais de vasculite em arcada temporal superior. Angiofluoresceinografia demonstrou hiperfluorescência macular com impregnação tardia, mais evidente em OD. OCT com lesões nodulares hiperreflectivas ao nível do EPR AO. Nesse contexto, devido à alta suspeição de lesão sifilítica, foram solicitados VDRL e FTA-ABS e a paciente foi encaminhada para tratamento. Foi realizado teste rápido para sífilis que se revelou negativo e a opção do médico assistente foi de não iniciar o tratamento mesmo com a sugestão da equipe de oftalmologia. Os exames demonstraram VDRL reagente 1:16, FTA-ABS IgM não reagente e IgG reagente, corroborando, portanto, para o diagnóstico de sífilis terciária. Sorologia para HIV não reagente. A análise de liquido cefalorraquidiano não demonstrou alterações celulares, bioquímicas ou imunológicas. A RNM foi solicitada para diagnóstico diferencial de déficit neurológico. A paciente recebeu tratamento endovenoso com penicilina cristalina por 14 dias em ambiente hospitalar, 7 dias de ceftriaxona 2g/dia em domicilio via SAD e até o momento 2 doses de 2400.000UI/semana de penicilina benzatina. 3 semanas após o início dos sintomas, apresenta-se sem déficits neurológicos, com melhor visão corrigida de 20/40 e 20/20p e FO sem alterações.
Conclusão
Os achados oculares da sífilis têm forte relevância clínica e a suspeita do oftalmologista em muitos casos deve ser considerada mesmo em casos de exames negativos.