Código
RC106
Área Técnica
Oculoplástica
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Centro de Estudos e Pesquisa Oculistas Associados (CEPOA)
Autores
- RENATA TORRES DA SILVA (Interesse Comercial: NÃO)
- Leonardo Texeira Carneiro Lins (Interesse Comercial: NÃO)
- Antonio Ferreira Leite Junior (Interesse Comercial: NÃO)
Título
XANTOGRANULOMA - ACOMETIMENTO PALPEBRAL BILATERAL
Objetivo
O objetivo deste trabalho é relatar o caso de um homem de 40 anos com queixa de “gordura” nas pálpebras superiores com aumento progressivo, indolor, sem alterações sistêmicas. Uma patologia pouco frequente com impacto social importante, que pode ter seu tratamento clínico e cirúrgico combinados para um melhor resultado estético.
Relato do Caso
SCSJ, sexo masculino, pardo, natural do Rio de Janeiro, procurou atendimento no CEPOA em fevereiro de 2019 com queixa de “gordura nas pálpebras” há mais de 10 anos, com crescimento lento, progressivo e indolor em ambas as pálpebras superiores, sendo maior à direita. Na HPP sem comorbidades e alergias. À história familiar: primo com xantoma palpebral. Ao exame físico apresentava AVc/c de 20/20 em OD e 20/25 em OE, enduração não inflamatória em toda extensão das pálpebras superiores, maior à direita, de coloração amarelada, consistência fibroelástica, indolor, causando ptose mecânica bilateral. Reflexo de Bell presente. Foi solicitada TC de crânio com ênfase em orbitas e exames clínicos. A TC evidenciou tumoração palpebral subcutânea sem invasão orbitária e exames pré-operatórios sem alterações. Foi realizada exérese total da menor tumoração e fechamento primário da pele. Foi observada infiltração de subcutâneo, orbicular e de gordura pré-septal, sendo retirada a peça em bloco único. O exame histopatológico e imuno-histoquímica mostraram“lesão linfohistióide – xantogranuloma”. Após o diagnóstico foi iniciado, durante o pré-operatório da pálpebra superior direita, um ciclo de predinisona escalonada. Foi percebida uma diminuição da tumoração com 10 dias de uso. Ao final do ciclo, foi realizada a cirurgia. Paciente com boa evolução pós-operatória.
Conclusão
O paciente deste relato apresentava-se na terceira década de vida quando começou a desenvolver as lesões, sendo excluído o xantogranuloma juvenil. A faixa etária do paciente ajuda também a afastar o xantogranuloma necrobiótico, que se apresenta por volta da sexta década de vida, além deste ter aspecto ulcerado. A ausência de acometimento sistêmico afasta outras xantomatoses como doença de Erdheim-Chester, que apresenta histiócitos xantomatosos mais comumente em ossos, SNC e olhos. As características clínicas da lesão também falam a favor do xantogranuloma do adulto. A afecção palpebral representa 25% dos casos de xantogranuloma do adulto e apesar de na maioria dos casos o acometimento ser unilateral, neste relato de caso a afecção foi bilateral. O conhecimento de que o xantogranuloma apresenta uma boa resposta ao uso de corticoides possibilitou a retirada completa das lesões e o fechamento primário, diminuindo o tempo de recuperação, o número de cicatrizes, mantendo a funcionalidade palpebral.