Título

IMPACTO DA PANDEMIA COVID-19 NAS DOAÇÕES E TRANSPLANTES DE CÓRNEAS EM UM HOSPITAL DO SUL DO BRASIL: UM ESTUDO DESCRITIVO

Objetivo

Descrever de forma comparativa as doações e os transplantes de córneas de um hospital do sul do Brasil durante o período pré e vigência da pandemia COVID-19.

Método

Estudo descritivo com os dados do Banco de Tecidos Oculares e Serviço de Oftalmologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. O número de doadores e transplantes do período de março de 2019 a fevereiro de 2020 (pré-pandemia COVID-19) foi comparado ao mesmo período de 2020 e 2021 (pandemia COVID-19). As variáveis consideradas nesta análise foram as frequências absolutas de doadores efetivos por morte encefálica (ME) e parada cardiorespiratória (PCR) e o número de transplantes de córneas realizados.

Resultado

Durante o período de coleta dos dados deste trabalho foram obtidos 80 doadores efetivos de córneas.No período pré-pandemia foram registrados 55 doadores efetivos (68,75%) e no período vigente da pandemia foram registrados apenas 25 doadores efetivos de córneas (31,25%).Estes dados demonstram uma redução de 54,55% no número de doadores efetivos.Também observamos um aumento das doações efetivas por tipo ME quando comparado o período pré-pandemia (14,58%) com durante a pandemia COVID-19 (44%) e consequente decréscimo das doações por tipo PCR no mesmo período, respectivamente, 85,42% e 56%.Dos 25 doadores efetivos de córneas captados durante o período vigente de pandemia, foram realizados descarte de tecidos oculares por resultado RT-PCR Sars-Cov-2 detectável em 4 doadores (16%), mesmo sem sinais e sintomas de COVID-19 relatados pelos familiares durante a entrevista e triagem clínica. Em relação aos transplantes de córneas, no período pré-pandemia foram registrados 132 transplantes de córneas (81%), enquanto que no período vigente da pandemia foram registrados apenas 31 transplantes de córneas (19%).

Conclusão

Os números de doadores efetivos e transplantes de córneas no sul do Brasil apresentam um declínio de mais de 50% durante o período de um ano após o início da pandemia COVID-19.